sexta-feira, novembro 30, 2007
A fonte é nova. As desculpas, velhas
O torcedor baiano foi feito de bobo, sem acento circunflexo no último O. A despeito dos corpos derramados pelo vão de 17 metros aberto na arquibancada da Fonte Nove, o superintendente de Desportos do Estado da Bahia, Raimundo Nonato Tavares da Silva, disse que “a estrutura [da arquibancada] é ótima, muito boa” e que, em setembro, o laudo de uma empresa apontou “algumas poucas coisas”, que já estariam sendo reparadas.
Seu chefe, o desgovernador Jaques Wagner (PT) afirmava, menos de um mês antes da tragédia, afirmava, em um programa de rádio oficial do estado da Bahia, que “já reformamos a Fonte Nova; ela só podia ser ocupada em 25%, hoje já tem 100% de ocupação”. Para ele, a fonte era realmente nova.
Os autos enviados pelo Ministério Público Estadual à Justiça desmentem a dupla nada dinâmica. Na avaliação técnica referendada pelo MP, a Fonte Nova deveria era ser interditada.
Preguiça ou que outro motivo fizeram com que ignorassem o pedido do MP desde o início do ano, quando o atual governo assumiu o cargo? As mesmas dúvidas valem para o antecessor Paulo Souto (ACMFC) e seu secretário Marcus Cavalcanti, já que o pedido do MP foi feito em janeiro de 2006, mas os atuais têm o agravante das declarações antes e depois da tragédia anunciada.
A ação civil pública ainda não foi julgada pela 2ª Vara Especializada de Defesa do Consumidor, mas ignorar uma avaliação técnica que apontava o risco da tragédia sob este argumento é assumir que cuidados pela segurança dos torcedores só serão tomados se a Justiça mandar. Trabalhar direito, só obrigados.
Canta o jingle do programa oficial Conversa com o Governador:
“A Bahia já caminha diferente, lado a lado com a sua gente; seu destino é crescer”
Cresceu foi o número de mortos a cada contagem dos bombeiros.
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Um comentário:
Fosse o Brasil um país sério, haveria um monte de presos por causa desse absurdo. Mas, como estamos no Brasil, vai tudo acabar em samba e pizza - ou, no caso, em axé-music e acarajé.
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