sexta-feira, agosto 10, 2007

Welcome to the Congo, we've got fun and games


Os 20 anos do Appetite for Destruction são a sugestão de trilha sonora para este post


Os Jogos Pan-americanos, como tantos outros subterfúgios, serviram de desculpa para a prática de um dos esportes cada vez mais popular e burro, tanto no Brasil quanto no resto do mundo: o antiamericanismo. Odiar jornalistas norte-americanos, então, virou praxe de muita nada brava gente brasileira, desde que o correspondente do New York Times falou dos (possíveis) excessos etílicos de ‘nosso guia’ e de uma (inexistente) preocupação nacional com eles.

O próprio chefe do executivo se vangloria, em tom politicamente correto, de ser o presidente brasileiro a visitar mais vezes a África, continente que também virou o nome da agência do publicitário top Nizan Guanaes. Basta, entretanto, um ianque comparar o calor carioca ao de um país africano para se desnudar a ausência de auto-ironia, no mesmo país que apelidara a capital dominicana Santo Domingo, sede do Pan de 2003, de Kubanacan – alusão a uma (péssima) novela exibida no mesmo ano.
Enquanto quadrilhas de PMs assaltavam gringos, inclusive dois policiais (!) norte-americanos, a opinião pública e a imprensa deram muito mais atenção a uma brincadeira politicamente incorreta, como se fosse muito mais grave.

Ah, Angie...

De todos os casos, o mais grave ainda foi o da jogadora de vôlei de praia Angie Akers, que precisou criar senha para acesso em seu blog, de tanto ser hostilizada ao comentar nele que jamais vira um lugar tão pobre quanto o Rio. O caminho de Angie da Vila Pan-americana até a arena do Leme passava pelas linhas Amarela e Vermelha, com favelas por todos os lados, conforme contou ao repórter Márvio dos Anjos, da Folha de São Paulo.

Dezenas de artistas brasileiros têm a parcela miserável do país como tema de suas músicas, filmes, fotografias, etc., e o governo federal chegou a ampliar a tipificação de ‘fome’ na interpretação de pesquisas para justificar seus programas de discurso salvacionista, após o IBGE tornar público que havia mais obesos do que famintos no Brasil. Na cabeça especialmente xenófoba de alguns contra cidadãos dos Estados Unidos da América, porém, é proibido que algum deles perceba a pobreza que há por aqui.

Stones para relaxar

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