sexta-feira, março 07, 2008

Comunhão



Imaginem um homem condenado a 22 anos de prisão. Imaginem um homem que caiu três vezes em desgraça condenado a 22 anos de prisão. Imagine que esse homem não é um, mas 40 mil.

O que vimos nesta quarta-feira, 05/03/2008, no Maracanã, foi isso: o que aconteceria se 40 mil pessoas presas há 22 anos encontrassem a mulher mais desejada das Américas bem ali na sua frente?

O goleada monumental (6x0) que o Fluminense aplicou no Arsenal de Sarandí (ARG), atual campeão da Copa Sulamericana, numa atuação coletiva quase lendária, foi um atropelamento sem piedade. Os hermanos, jogadores de um time que é praticamente um São Caetano da Argentina, tremeram ante a opulência e história do Maracanã e ante o canto enlouquecido de 40 mil pessoas realizando várias catarses: a volta do pó-de-arroz, a volta à Libertadores, a volta a um destino de glórias.

Dentro de campo, o Flu jogou com uma raça impressionante, dividindo bolas e correndo muito mesmo com 5x0 no placar. Pouquíssimas equipes consguiram e conseguirão jogar assim. Inclusive o próprio Fluminense.

Porém o mais impressionante não foi isso. Nem mesmo a atuação de gala de Dodô ou o seu segundo gol, antológico. Foi a completa comunhão e estado de euforia entre time e torcida. A eletricidade que tomava conta do estádio e pairava no ar era incrível. O Arsenal, que se não é timaço também não é tão ruim assim, sentiu o clima e jogou como um Barreira de Bacaxá.

Após o primeiro gol de Thiago Neves, aos 14 do primeiro tempo, já não era mais futebol, já não era mais torcida. Era uma missa, uma celebração, um reecontro de velhos amigos, um grito primal em três cores.

No dia 05/03/2008, o Fluminense conseguiu algo muito difícil, e não foi só aplicar a maior goleada de um time brasileiro num argentino da história da Libertadores. Foi transformar 40 mil em onze e transformar esses onze em um único ser que não poderia ser parado por força alguma. Se conseguirão isso de novo, se foi um início ou um fim, só o tempo dirá. Mas como a nuvem de talco que estava proibida desde 1999, a força do Fluminense Football Club voltou.

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