terça-feira, fevereiro 13, 2007

Ninguém vai me segurar, nem a PM

Se a contratação de David Beckham não enche os olhos da imprensa esportiva norte-americana, causando muito mais burburinho nas colunas sociais, o medo de com ele estarem importando outro sub-produto do nosso querido soccer é novidade. A colunista Gwen Knapp, do San Francisco Chronicle, tem medo de hooligans.

A preocupação é infundada, até parece que ingleses beberrões vão acompanhar a carreira do ex-capitão da Inglaterra em sua aventura californiana, bebendo e brigando na entrada dos jogos. Mas esse temor de um estrangeiro com a violência que come solta nos estádios pelo mundo afora faz todo sentido.

A moça lista uma série de eventos vergonhosos, como a morte do policial na Itália e a ameaça de paralisação do campeonato alemão devido ao incidente do último domingo quando mais de 40 pessoas se feriram em confrontos com a polícia. Nem a briga no jogo do Cruzeiro e a truculência da polícia mineira passaram em branco.

Mas a história esportiva americana não é tão imaculada quanto se faz parecer. Antes da recente pancadaria no jogo entre Detroit e Indiana pela NBA, envolvendo jogadores e torcedores, outros casos de violência já eram registrados em quadras, campos e rinks.

Em 1984 dezenove jogadores foram expulsos e cinco torcedores presos após uma monumental briga no jogo de baseball entre o San Diego Padres e o Atlanta Braves. Em 1977, Rudy Tomjanovich ficou duas semanas em um hospital, e fora do resto da temporada de basquete, quando levou um soco de Kermit Washington durante um jogo entre Rockets e Lakers.

Eddie Shore, do Boston Bruins, em resposta a uma falta não marcada contra ele, acertou violentamente um oponente por trás, que foi de cabeça direto no gelo como "uma melancia atingindo a calçada", segundo testemunhas oculares. O ano era 1933, e Ace Bailey, a vítima, nunca mais jogou hockey. O jogo em sua homenagem realizado no ano seguinte se transformou no que hoje conhecemos como o jogo das estrelas.

Corajoso mesmo foi o juiz de baseball George Moriarty, que chamou o time todo do White Sox para a briga em 1932 quando acusado de apitar contra o time de Chicago. O primeiro a se arriscar tomou um soco na cara e apagou na hora, despertando a ira do resto do time que partiu para cima de uma vez só. Outro juiz apartou a briga, e ouviu de Moriarty um "Fica fora disso, a briga é minha! Quem mais aí acha que sou covarde?". Ninguém se manifestou ou questionou sua integridade depois disso.

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