quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Guga, que se despediu hoje do torneio Brasil Open, ao perder para o argentino Carlos Berlocq nunca precisou de patriotadas. Foi ovacionado com todo o mérito porque foi um jogadorzaço enquanto o quadril deixou. Depois, lesionado, não deu. Como assumiu ao discursar após a partida, querer jogar mais, ele queria. Só não consegue mais, no nível físico profissional exigido em um esporte individual - ao contrário do futebol, no tênis, não dá para sugar o sangue de outros nove jogadores de linha em função de projetos pessoais.
Não é qualquer um que vence Roland Garros três vezes derrotando feras como Andre Agassi, Pete Sampras, Marat Safin e Juan Carlos Ferrero. Guga foi e sempre será grande. O fato de encerrar a carreira mais cedo foi uma determinação física que em nada diminui seu brilho.
Enquanto esteve no topo, ou lutando para voltar após a primeira vitória no Aberto da França, em 1997, realmente conseguiu inventar uma pátria de raquetes, sem nacionalismos babacas, apenas pelo prazer de ver que nem todo o mundo por aqui nasceu para aspone.
Em 2000, quando chegou ao segundo título, venceu desconfianças quanto a se seria apenas um fogo de palha. A vitória sobre o espanhol Ferrero, de virada após estar perdendo por 2 sets a 1 e 4/2 no quarto reuniu figuras de patamares tão díspares quanto eu, então um mero estagiário, e Ruth de Aquino, nada menos que a poderosa diretora de redação dO Dia encostados em uma mesa, estáticos em frente à televisão na rua do Riachuelo, torcendo da mesma forma, como se fosse jogo de Copa do Mundo.
No ano seguinte, a sensação ficou ainda mais clara, ao ver seu tricampeonato ao lado de autênticos ratos de bar, no Carlitos, tradicional pé-sujo do Catete, que poucos imaginariam torcendo para alguns esporte que não futebol - tá, talvez boxe ou vale-tudo.
Só retificando o penúltimo parágrafo, aliás, desde 1994, na verdade, que não torço para a seleção em copas como torcia pro Guga em Roland Garros. E isto acontecia porque não basta brincar de amarelinha. Tem que ter aquela gana pela vitória que os funcionários públicos com estabilidade da CBF já mostravam mais em um passado recente.
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2 comentários:
Belo texto, João, e ótimas lembranças. Lembro do jogo do bi no Sujinho, com o bar/restaurante lotado e todos vibrando com o Guga. Vale notar que o juiz de rede ainda lhe tirou um match point legítimo diante de Ferrero e Guga correu atrás e matou o jogo mesmo assim.
E nunca é demais o registro de que o cara foi tri em RG e titular da Maryeva. Tomar no cu, Federer barangueiro!
Foda o texto, Guga era demais.
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