Todo começo de ano é a mesma coisa, junto com o Super Bowl chegam as comparações idiotas do futebol brasileiro com a liga profissional americana. Como deveríamos nos espelhar naquela máquina de fazer dinheiro, com seus estádios sempre lotados, a festa bonita da torcida e tudo mais. Há baboseiras maiores por aí, mas esta aparece com certeza no topo de qualquer lista.
Vamos começar com o básico: a NFL é uma liga fechada, todos os times são franquias destinadas única e exclusivamente ao lucro. Em 1999 o Huston Texans se tornou o 32o time a integrar a liga e pagou por isso 700 milhões de dólares. Negócio da china, já que hoje o valor do time é estimado pela Forbes em mais de 1 bilhão. Como comparar um estrutura dessas com a da CBF, com seu ranking de 378 clubes? Isso permite que os times de maior margem de lucro destinem 1 bilhão de dólares para os seus primos mais "pobres" ao longo das próximas 6 temporadas, por exemplo. É interesse deles manter a todos os membros da liga saudáveis e competitivos.
Não há rebaixamento. Como convencer um magnata a investir em um time se no final da temporada ele pode ficar de fora da competição principal, sem visibilidade para seus patrocinadores? Melhor ainda, é garantido que os piores de cada ano tenham a garantia de escolher os melhores atletas jovens no ano seguinte. É como se o Santa Cruz, por ter chegado em último no Campeonato Brasileiro, tivesse o direito de contratar o Alexandre Pato e recebesse os recursos para mantê-lo por alguns anos.
Sobre os estádios lotados, imagine que o Flamengo só jogasse 8 partidas por ano diante de sua torcida numa temporada de 4 meses. Não ficaria o Maraca lotado em cada um dos jogos? Pois esse é o número de jogos que cada time faz em seu estádio. Se for um time muito bom, o melhor do ano, pode jogar mais 2 durante os playoffs. Pela lei da oferta e da procura, cobra-se o que quiser por um ingresso, e não costuma sobrar nenhum. Pacotes de ingresso para a temporada inteira são a norma, e camarotes especiais recheados de mordomias também são oferecidos.
Como a maioria dos estádios são de propriedade dos próprios times, construídos com empréstimos especialíssimos da liga e dos governos das cidades, a renda vai toda para o time, o lucro com publicidade, os direitos de venda de cerveja, cachorro quente e sorvete. Aluguel para eventos extras, shows, convenções, também entram na equação. Não é coincidência que os times mais pobres joguem em estádios antiquados geridos pela união (lembra alguma coisa cof!-maraca-cof!?).
Seria ótimo um Campeonato Brasileiro forte, financeiramente saudável, com times capazes de contratar craques que atraíssem multidões para seus estádios moderníssimos. Essa estrutura existe, mas lá nos campeonatos de futebol da Europa, e não no reino da bola oval. Não dá para adaptar a estrutura da NFL na nossa temporada, com centenas de times jogando dezenas de jogos, que dura 11 meses. Simplesmente não dá.
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3 comentários:
São os mesmos caras que falam que estádio europeu tem loja, banheiro de mármore e Mc Donald´s e que ninguém quebra nada. Ora, não dá pra comparar o nível de grana e escolaridade deles com os níveis daqui. Um estádio desses aqui não dura 2 jogos do Flamengo.
<sarcasmo>Futebol no Brasil é o circo pra comer com o pão (com salsicha da Geneal). Devia estar na Constituição o direito de todo brasileiro gastar 5 merrél pra ver seu time do coração.</sarcasmo>
A comparação com a NFL ou com a NBA é absurda até pq são esportes diferentes que partem de princípios totalmente diferentes.
A comparação com o futebol europeu. nem tanto. Alguns bons exemplos de lá deveriam ser seguidos aqui sim. Especialmente os bons exemplos da Inglaterra, que a Itália, por exemplo, ainda não seguiu.
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