terça-feira, março 06, 2007

Sobre arbitragem


Se até mesmo o Calvinball tem suas regras, mesmo que nunca as mesmas de um jogo para o outro, todos os principais esportes profissionais sabem da importância de preservar e fazer valer as suas. É uma questão de credibilidade, todos os envolvidos esperam que as regras sejam seguidas para que o jogo faça sentido e seja prazeroso de se assistir. O torcedor espera que as regras sejam seguidas, e até mesmo quando o seu time é prejudicado por elas pode apenas lamentar e esperar que o imbecil que deu o carrinho por trás não seja escalado pelo técnico nunca mais na vida. Mas se o erro for da arbitragem...

No vôlei, por exemplo, são dois árbitros, mais dois responsáveis pela contagem de pontos e quatro juízes de linha, em um esporte onde não há contato físico. Na NFL há uma equipe de 7 árbitros, sendo um deles com poder final de decisão, onde todos os que tinham visão do lance podem opinar sobre o assunto. No basquete são três os responsáveis por garantir que as regras sejam cumpridas, além da mesa que cuida da cronometragem, marcação dos pontos, faltas e outras tecnicalidades. Com poder igual de decisão, os três árbitros do basquete tomam conta da quadra de 420 metros quadrados.

É o mesmo número de árbitros que cuidam dos 8.250 metros quadrados do nosso Maracanã, sendo que apenas um deles tem a palavra final sobre tudo que acontece no campo e os outros dois ficam presos a uma faixa de 55 metros de comprimento em lados opostos do campo.

A UEFA já anunciou que estuda a possibilidade de colocar dois árbitros em campo, algo que o técnico da seleção francesa também já pediu.

Mas do que a FIFA tem tanto medo que ainda não tomou nenhuma atitude séria para melhorar qualidade na aplicação das regras do jogo? Dar um pouco mais de poder aos bandeirinhas não é o suficiente, o máximo que vemos é uma marcação de falta na linha de fundo, uma ajudinha para formar as barreiras. Esse poder maior em alguns casos acaba sendo um passo atrás, assistentes sem a menor qualidade não estão aptos para a responsabilidade maior que lhes cai sobre os ombros.

A FIFA deve concordar com Nelson Rodrigues quanto ao videotape, pois não quer nem saber de pedir ajuda a ele durante as partidas, apesar de ser usado com sucesso em outros esportes profissionais. A NFL já usa o replay instantâneo na beira de campo há bastante tempo, o basquete abriu uma brecha para arremessos nos instantes finais das partidas e o responsável pelo VT nos jogos de hockey no gelo tem a palavra final sobre os gols duvidosos. Até mesmo o tradicional tênis usa o sistema Hawk-Eye para calcular a trajetória da bolinha amarela e confirmar os pontos.

Aqui no Brasil, além das limitações técnicas impostas pelas regras da FIFA, a arbitragem ainda sofre pela má preparação dos sopradores de apito. Não pode o bandeirinha lá do meio do campo precisar avisar o juiz de cotoveladas e socos dentro do gol. Não podem os árbitros das finais serem escolhidos por sorteio. A prática do sorteio é um atestado da falência moral da comissão de abritragem, pois já assume a contaminação do resultado se o árbitro tiver sido previamente selecionado.

Além de uma modernização nas regras, em terras tupiniquins precisamos também de uma profissionalização dos quadros de arbitragem. Certamente o grau de exigência para alguém ser árbitro de futebol no Brasil não chega aos pés do que se pede, por exemplo, de um árbitro de baseball nos EUA. São apenas duas as escolas de arbitragem autorizadas pela MLB, e apenas os melhores dos melhores conseguem uma das 64 vagas no quadro de árbitragem da liga principal para ganhar entre 100 e 300 mil dólares por ano.

Um comentário:

Anônimo disse...

E o spray pra barreira que o mundo nao adota de vez?