quarta-feira, abril 18, 2007

O ranking inútil e os subúrbios da Europa

A Itália retomou hoje a liderança do ranking da Fifa, algo para o qual eles não devem estar dando a menor bola (com trocadilho idiota, por favor). É que o tal ranking deve ser a única estatística mais inútil do que o índice Gini de desigualdade de renda, que aponta Brasil como um dos piores do mundo (tá enojado? Se muda pro Azerbaijão, que tem a menor desigualdade do mundo...).

O que vale de verdade é a conquista da Copa do Mundo, da qual a Itália já era a atual campeã. Em segundo plano, servem para comemorações as competições continentais e, vá lá, a Copa das Confederações, mas sem termo de comparação.

Para ter idéia do ridículo do ranking, basta lembrar que a líder anterior era a Argentina, cuja seleção principal não vence uma competição decente desde a Copa América de 1993, ou seja, há 14 anos! É tanto tempo que de lá para cá, o Brasil venceu duas Copas do Mundo.

Motivo real para os italianos... lamentarem

Falando em competições continentais, os italianos devem ter enchido as bocas de cazzos por perder a condição de país-sede da Eurocopa de 2012 para Polônia e Ucrânia, que sediarão a competição em dupla - como já fizeram Bélgica e Holanda, em 2000, e farão Áustria e Suiça no ano que vem.

A diferença é que, desta vez, a escolha da sede traz um certo clima de surpresa pois ao contrário das duplas anteriores e da própria Itália, Polônia e Ucrânia não possuem economias fortes nem costumam atrair imigrantes. Pelo contrário, é comum poloneses e ucranianos saírem de seus países à procura de emprego na Europa Ocidental. Dois poloneses de nascimento, Klose e Podolski, são titulares de seleção alemã.

A terra natal do ex-papa João Paulo II, morto em 2005, fez parte da cortina de ferro comunista durante a guerra fria e entrou para a Comunidade Européia somente em 2004,

Já a Ucrânia, ex-república soviética, sofreu no século passado quase concomitantemente com a coletivização das fazendas imposta por Stálin, que matou entre cinco e oito milhões de fome, quanto com ainvasão nazista na II Guerra. Em 1986, foi lá que ocorreu o desastre de Chernobyl, maior acidente nuclear da história, com mortes estimadas entre 30 mil e 60 mil.

A situação na Ucrânia - que nem é candidata à União Européia - é bem mais complicada. Ainda hoje, vive sob o fantasma do domínio soviético, do autoritarismo e da disputas contra a vizinha Rússia. Há duas semanas, o presidente Viktor Yushchenko, dissolveu o parlamento liderado pelo inimigo Viktor Yanukovich, aliado do presidente russo Vladimir Putin.

Vale lembrar que, em 2004, quando disputava a presidência contra Yanukovich, Yushchenko sofreu um envenenamento. Alexander Litvinenko, um ex-agente da KGB, assim como Putin, acusou o presidente russo e ex-colega de tramar o atentado contra o ucraniano. No ano passado, Litvinenko morreu... envenenado.

Yushchenko, que sobrevivera e assumira dando esperanças de abertura ao ocidente, como se vê, já apelou ao autoritarismo...

Voltando ao futebol, o principal craque ucraniano é o centroavente Schevcenko, ex-Milan, atualmente no Chelsea. Na copa do ano passado, ele viu que faziam Kaká e Pirlo em seu time.

Um pouco de cultura inútil

Sobre o ranking da Fifa. A Eslováquia é o país mais bem colocado entre os que jamais estiveram em uma Copa do Mundo, aparecendo no 36º lugar. Mas se considerarmos que foi a várias - sendo duas vezes vice-campeã - como parte da antiga Tchecoslováquia, passa a ser Mali, em 40º.

Entre os que países que já foram à Copa, o troféu Abacaxi é das Antilhas Holandesas, em 170º. O conjunto de ilhotas-colônia no Caribe esteve na França, em 1938, dançando logo na primeira rodada ao apanhar de 6 a 0 da então poderosa Hungria - que seria a vice, perdendo para a Itália na final.

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